"Ela" conta a história de Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor de cartas solitário que está prestes a assinar seu divórcio com Catherine (Rooney Mara). Enquanto procura um novo amor, ele se depara com um sistema operacional que se comunica apenas pela voz com o nome de Samantha (Scarlett Johansson). A partir desse fato, os dois ficam apaixonados, mas ocorrem diversos questionamentos sobre se é possível amar algo que não é físico.
Inicialmente, quem se depara com a história vai achar que o filme deve ser horrível, mas vai muito além disso. A obra trata sobre a distância dos relacionamentos nos tempos atuais e do amor e sentimentos em geral, tendo uma profundidade gigantesca que só quem assiste o filme vai entender. Theodore, antes de tudo, é um homem muito sofrido que pensou ter encontrado o amor de sua vida ao se casar, mas infelizmente não foi assim, e é talvez por causa de todos os problemas que ele se apaixona por Samantha, uma "pessoa" que verdadeiramente gostava dele (mesmo sendo um programa).
O roteiro é sensacional, sendo justificado a sua conquista do Oscar de Melhor Roteiro Original. O filme é uma ficção científica romântica, e seus diálogos são maravilhosos, questionando sobre a nova paixão de Theodore e sobre diversas coisas que afetam as relações do homem contemporâneo com as tecnologias.
A direção de Spike Jonze é muito bacana e a fotografia também. Os cenários e as cores de cada cena mostram exatamente os sentimentos do protagonista, como por exemplo quando ele está na cama pensando em sua ex-mulher, e as cores são azul e preto, demonstrando a tristeza do personagem quanto à felicidade que foi os momentos iniciais da vida de casado. Não só Spike dirige, como ainda atua fazendo a voz de um personagem do jogo favorito de Theodore.
A trilha sonora merece um destaque gigantesco porque ela capta muito bem os sentimentos de cada situação, e seus contextos para tocá-las são muito bem feitos, como quando Samantha diz que a música de agora é sobre o que é estar com Theodore na praia. A música mais bonita (que inclusive concorreu ao Oscar de Melhor Canção Original) é "The Moon Song", de Karen O e Spike Jonze, e foi uma injustiça ela ter perdido pra "Let It Go".
As atuações do filme são excepcionais. Joaquin Phoenix está excelente no papel e dá uma carga emocional gigantesca ao filme em praticamente todos os momentos, tanto de felicidade e tristeza. Scarlett Johansson dá o tom necessário para a voz de Samantha e torna a "personagem" mais complexa, porque, afinal de contas, é um computador que ganha emoções tão verdadeiras quanto às de um ser humano. Há outros atores tão bons quanto, como Amy Adams, que faz a grande amiga do protagonista, sempre o entendendo e o ajudando nas piores horas, e Olivia Wilde, que está no primeiro encontro de Theo desde que ele se afastou de Catherine.
Não há palavras pra descrever o quão emocionante é "Ela". Foi realmente um dos filmes de romance mais bonitos que apareceram nos últimos anos, sem ser muito exagerado no drama ou no amor carnal, mesmo com cenas de sexo nos 30 minutos iniciais do filme um tanto quanto estranhas. Independente disso, o filme trata exatamente sobre o amor idealizado e de como que é ter paixão em tempos com tanta tecnologia, gerando uma distância muito triste.
Resumindo, "Ela" merece ser assistido por qualquer pessoa com mais sensibilidade e é facilmente um dos ótimos filmes que tivemos nos últimos anos. Infelizmente, não achei esse filme no Netflix brasileiro e está um pouco difícil de arranjá-lo, mas se você puder alugar ou até comprar o filme (está 15 reais na Livraria Saraiva), vale a pena o dinheiro com um filme tão belo. Quem diria que o mesmo diretor dos filmes de Jackass conseguiu fazer algo tão emocional.
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